quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Ísis - A Regeneradora do Masculino


Antes de ser Mãe, eu amei o homem
Fui a Amante
Mas de mim foi tirado a minha metade
E eu enegreci para viver meu luto
Compreendi os mistérios da morte
Durante minha peregrinação
E foi como se com Ele 
Eu tivesse morrido também
Pois Ele tornara-se a minha vida
A minha única direção era o meu Amor
E procurando por Ele eu também renascia
Para tornar-me mais madura
E em minha sabedoria eu o acolhi
Regenerei e transformei
Até que pudemos mais uma vez nos unir
E então, finalmente eu me tornei a Mãe
E fiz dele o Pai
Eu dei a Luz
Que baniu todas as trevas
Eu sou aquela que regenera o Masculino.


Este artigo trata-se de uma análise intuitiva do mito da Deusa Ísis que concebi durante um ritual para estudo da Lua Corcunda e sua magia, a poesia acima veio na mesma ocasião.


Resumo da Mitologia: Ísis (ou Aset, no idioma original) era filha do Deus Geb (a Terra) e da Deusa Nut (o Firmamento), tendo como seu irmão e consorte Osíris (regia a vegetação), que veio a ser morto por seu irmão Seth (regia o deserto), tendo os pedaços de seu corpo espalhados em 14 pedaços pelo Egito após ter sido esquartejado após sua morte, Ísis pôs-se a chorar tanto que associa-se suas lágrimas às cheias do Rio Nilo, e partiu em peregrinação atrás de seu amado, não descansou até encontrar todas as partes, juntando-as, percebeu que faltava o pênis que havia sumido no Nilo, este foi substituído por um falo de ouro, através de magia Ísis ressuscitou-o e com ele concebeu Hórus, que posteriormente derrota Seth e vem a se tornar o Deus Solar.


ÍSIS - A REGENERADORA DO MASCULINO

Ísis foi cultuada para além do Egito por muitos e muitos anos, popularmente conhecida como Deusa da Magia e da Maternidade, é Mãe Soberana entre os egípcios, tendo sido também associada à Lua e como a própria Mãe Natureza.

Apesar de sua fase Mãe, Ísis possui outras fases distintas, uma a ser observada, por exemplo, é Ísis em seu luto, a Lua Negra. É importante mencionar que os 14 pedaços do corpo de Osíris também viriam a representar os 14 dias entre a Lua Negra e a Lua Cheia.

Existe uma entre-fase da Lua pouco celebrada, conhecida como Lua Convexa Crescente ou Lua Corcunda, que representa a Sacerdotisa, ou a Sabedoria, e foi nesta lua que Ísis veio se apresentar a mim pela primeira vez como a Regeneradora do Masculino, um aspecto talvez nunca observado em seu mito, que carrega o atributo revolucionário inerente a esta fase da Lua.

Seth no mito representa o Masculino deturpado que mata o Deus-Amante (Osíris), aquele que estava em harmonia com o Feminino, com a Deusa. O falo perdido nas águas cheias do Nilo, não apenas representa as tristezas da Deusa para com o Masculino e como a própria Natureza “traga” aquilo que não serve, mas também é representação das águas sagradas que regeneram e transformam. Ísis possui nesse momento como única direção o seu amado, a busca do Masculino “perdido”, a sua peregrinação a legitima para o status de Sacerdotisa, já que representa a devoção e amor incondicionais por Deus. Quando ela o encontra e junta todos os seus pedaços, a ele dá um falo de ouro substituindo aquele que ficou perdido no Nilo (ou nas águas do inconsciente), também representando a Alquimia e já como um símbolo do Sol, e é através de Magia que ela o traz de volta à vida. Então podemos dizer que Ísis foi buscar o Sagrado Masculino para regenerá-lo e transformá-lo. Após ressuscitá-lo ela se une a ele novamente e juntos amam-se e concebem Hórus, Ísis dá a Luz, ou traz a Luz de volta, que vence as trevas, então Ísis regenera o Masculino transformando Osíris em Deus-Pai e Hórus em Deus-Filho, que por fim vence as trevas derrotando Seth, e vem a se tornar o Deus Solar.

Ainda por se associar à Lua que manipula e rege tudo na Terra, Ísis é aquela que traz de volta então a Vegetação (Osíris) para seu povo e o equilíbrio da Natureza, quando cessam as cheias do Nilo associadas às suas tristezas, pois é da Lua também a regência de todas as águas. Sendo assim, Ísis regenera não somente o Masculino enquanto arquétipo, mas enquanto Natureza, que no Egito vinha sendo associada ao Masculino em Geb e Osíris, e traz a Luz, o Sol, que dá a vida e vence as trevas (Seth, o deserto, que pode ser associado à seca e falta de vegetação e alimento).

Muitas mitologias previam o Patriarcado, e esta poderia, por exemplo ser associada ao nascimento de Jesus Cristo, o Deus Solar que nasce como uma tentativa da Grande Mãe de regenerar o Sagrado Masculino, colocando-o em harmonia novamente com o Sagrado Feminino. Pois na Judéia o Feminino era renegado e os homens estavam já degenerados, Jesus veio para dar novamente importância a figura da Mãe na Virgem Maria, assim como a da mulher enquanto Amante, ou até mesmo Sacerdotisa, ou Peregrina em Maria Madalena.



Que Ísis possa nos guiar e amparar em seu aspecto de Sacerdotisa, ensinando-nos a recriar um mundo regenerado e em harmonia para homens e mulheres, a perfeita união entre Sagrado Feminino e Sagrado Masculino. Ísis pode ser invocada para curar o Masculino degenerado e de uma forma geral sua magia traz a Luz e cura para o planeta Terra.


Teve alguma dúvida? Em breve haverão mais textos explicando mais profundamente muitos dos conceitos aqui expressados, aguarde, comente sua dúvida (pois pode ser a de outros leitores), ou me envie um e-mail: vandanashakti@hotmail.com.

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