Dicas de Livros: Deus, "Deuses" e Divindades

Imagem: Acervo pessoal.

Autor: Alexandre Cumino
Editora: Madras
Ano: 2004
Nº de Páginas: 150

Sinopse: "Este é um livro a respeito de Deus, visto como o Uno, o Todo, das formas pelas quais reconhecemos sua essência e suas Divindades, que são partes do Todo. O autor mostra que Deus é Um, mas muitos são os nomes pelos quais Ele é conhecido. Situação análoga acontece com as Divindades, manifestadoras das qualidades de Deus.
O leitor terá acesso a uma relação desses diversos nomes, e verá que o Ser Supremo assume diferentes formas e nomes nas diversas culturas. (...)
Com a leitura desta obra, você verá que Orixás, Santos, Anjos, Devas, Deuses e Divindades têm todos as mesmas funções e os mesmos atributos, pois todos derivam do Um - o Todo-Poderoso."

RESUMO

O livro traz uma visão da Divindade não tão moderna, mas pouco compreendida, que é a mono-politeísta, na qual acredita-se numa Divindade única que se desdobra em milhares de facetas vistas sob diferentes aspectos em diferente culturas, mas sempre guardando uma mesma essência.

Muito dessa teoria vai de encontro a minha fé e ao meu sentir sobre a Divindade, que considero algo em eterna construção, afinal, o Divino é inesgotável, infinito!

O autor se baseia principalmente na teoria trazida nas obras do falecido Mestre Umbandista Rubens Saraceni, na qual a Divindade é dividida em 7 Tronos que se polarizam em negativo e positivo, abarcando a 7 sentidos da vida (Fé, Amor, Conhecimento, Lei, Justiça, Evolução e Geração) que por sua vez correspondem-se a determinadas energias telúricas (Cristal, Mineral, Vegetal, etc...) e utiliza-se para tanto a nomenclatura africana Nagô-Yorubá, uma das mais populares dentro dos cultos de Umbanda brasileiros, então o foco é para esta classificação do Trono como Orixá enquanto “divindade de Deus”.

O livro também traz uma vasta mitologia comparada, trazendo diversos nomes e atributos dos deuses das mais diversas religiões e cultos, mas sempre classificando-os neste padrão dos 7 tronos polarizados em negativos e positivos (ou femininos e masculinos). Por ser um livro pequeno não aprofunda em nenhuma divindade em particular, mas para iniciantes em magia, estudantes ou curiosos ele traz bastante referência para um estudo mais aprofundado.

O legal deste livro é perceber a infinidade de divindades que existem e o quanto elas podem se associar entre si mesmo sendo de culturas totalmente diferentes ou extremamente distantes em tempo e espaço, o que reforça principalmente a crença Universalista, o Panteísmo pela quantidade de divindades associadas aos elementos da natureza, e por fim o próprio monoteísmo quando conseguimos perceber a unidade na diversidade e podemos ver além das formas uma força que permeia a tudo.

A advertência que gostaria de dar aos leitores que se interessarem é que apesar de gostar da teoria do Rubens e acha-la totalmente funcional, a sistematização em 7 tronos é apenas UMA das formas de organizar estas potências divinas, existiram ao longo da existência diversos números sagrados, por exemplo o 3, onde conseguimos encontrar uma infinidade de divindades que poderiam ser dividas em “Jovem, Mãe e Anciã”, por exemplo, os chamados deuses  ou deusas tríplices associados às 3 principais fases lunares, muito cultuados dentro das linhas mais difundidas como Bruxaria, mas num estudo mais profundo das divindades podemos encontrar formas de dividir e organizar as divindades em números de 8, 9, 13, e talvez muitos outros... A “departamentização” da Divindade é uma coisa nossa, uma forma de melhor compreender as divindades, podendo ser utilizadas as teorias já existentes ou pode-se estudar e encontrar novas formas desde que façam sentido, tratam-se apenas de sistemas de culto que facilitam o nosso estudo.

Por fim, o livro conta com uma versão atualizada na qual o título mudou para "Deus, Deuses, Divindades e Anjos" e pelo visto dobrou o número de páginas, então o conteúdo pode ter melhorado bastante, mas como sempre vejo o mesmo como indisponível nos sites de livrarias acabei comprando essa versão antiga, que me serviu bem, mas para aqueles que se afinizarem com o método sugerido por ele, talvez seja melhor tentar comprar a edição mais moderna.