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Imagem: Acervo pessoal. Círculo de Mulheres do Sagrado Feminino "Flores de Yurema", São Paulo, 2015. |
Este é o primeiro de uma série de Artigos sobre o "Ritual" do Sagrado Feminino que você verá aqui!
A palavra ritual pressupõe uma série de ritos simbólicos que atuam no inconsciente das pessoas de forma profunda, espiritual. A maioria dos encontros hoje chamados de “Círculos de Mulheres” ou “Círculos do Sagrado Feminino” são organizados na forma de Rituais, uns mais simples, outros mais complexos, cada qual à sua tradição seguindo as afinidades e referências de sua (ou suas) facilitadora(s).
Primeiramente, vamos tentar colocar em exemplos simples o que pode ser caracterizado como ritual: acender velas, cânticos às divindades em grupo, danças circulares (no contexto ritual), meditações, orações, comunhão com medicinas ancestrais (Ayahuasca, Rapé, Cachimbo Sagrado, etc), entre outras práticas.
O Ritual na Prática - Guia para iniciantes
De forma geral todo ritual segue preceitos básicos de Magia para que tenha um bom aproveitamento do grupo que está participando e estes preceitos seguem mais ou menos um padrão, mesmo quando feitos sob influências de tradições religiosas-espirituais diferentes, estes preceitos são, basicamente e geralmente nesta ordem:
-
Limpeza energética do ambiente;
- Montagem de um altar ou algo equivalente;
- Limpeza energética das participantes;
- Criação de um espaço-tempo sagrado (geralmente feita por meio de uma
meditação coletiva ou minutos de silêncio a fim de nos desligarmos dos
problemas do dia-a-dia para adentrarmos ao Sagrado);
- Apresentação do ritual com explicações sobre as práticas;
- Apresentação das participantes (opcional, mas altamente recomendável);
- Evocação das divindades, espíritos-guias e seres guardiões relativos à
egrégora do Círculo e/ou do ritual em específico.
Após esta parte de
abertura inicia-se o ritual em si, que pode ter das mais variadas práticas, mas
é muito comum se acenderem velas, um caldeirão com fogo, ou mesmo uma fogueira,
acenderem incensos para serem ofertados, realizarem-se cantos de mantras ou canções
espirituais, fazerem alguma magia cerimonial (atos simbólicos para representar
um objetivo mágico a ser atingido) e o mais comum de todos é que se realizem
meditações, especialmente as guiadas.
Para o fechamento,
geralmente apenas despede-se das divindades e seres evocados e em alguns casos
realiza-se alguma prática simples de banimento (ou descarrego) para transmutar
e eliminar quaisquer excedentes energéticos que possam ter ficado do trabalho espiritual.
Feito isto é comum que se faça uma “roda da palavra” (o termo é da tradição
Xamânica norte-americana, mas é amplamente utilizado nos círculos independente
da tradição), é o momento aonde as pessoas relatam sobre sua experiência
naquele dia e fazem seus agradecimentos. Também pode haver a prática de dança
circular com cânticos no sentido de “fechar” o círculo, ou mesmo no sentido
celebrativo. Ao final de tudo costuma-se fazer um lanche compartilhado com
alimentos naturais e leves, que geralmente também ficam no altar durante os
ritos para serem imantados com energias benéficas.
O Ritual na Teoria -
O que é trabalhado?
Colocadas todas estas
questões mais técnicas e práticas, que sempre podem sofrer variações a depender
das referências espirituais da facilitadora/guardiã do círculo, agora falemos
sobre a teoria, o que acontece nestes rituais?
A prática segue um
roteiro magístico para que o ritual simplesmente aconteça, mas é no conteúdo de
cada ritual em si que está a verdadeira magia. Cada ritual costuma possuir
certo tema, ou finalidade a ser atingida, de maneira geral, todos os rituais de
Círculos de Mulheres do Sagrado Feminino possuem uma finalidade comum de
empoderamento da mulher e de “re-sacralização” do Feminino no inconsciente
coletivo, no entanto alguns rituais possuem temas mais específicos, é muito
comum, por exemplo, que sigam a Roda do Ano, pela tradição Celta, ou por outras
tradições Xamânicas, pelo motivo de que a Roda do Ano é na verdade uma forma de
ritualizar a própria vida do ser humano em harmonia com os ciclos da natureza
ao longo de um ano completo, ou seja, todas as tradições nativas de uma forma
ou de outra celebravam e ritualizavam as passagens da natureza (estações do
ano, solstícios, equinócios) de forma que estas representam em escala maior
fases da nossa própria vida (nascimento, maturidade, morte, em termos simples),
então isto é largamente utilizado há tempos por magistas também a fim de
aproveitarem as energias telúricas e também do Universo para atingirem seus
propósitos, por exemplo, para um ritual de descarga ou limpeza o ideal seria
fazê-lo em um momento em que a natureza está em decomposição, estação do Outono.
Mas a Roda do Ano não representa toda a teoria na
qual se baseiam os Círculos, nem de longe, tendo em vista que a Roda do Ano é a
volta da Terra ao redor do Sol (astro tido como masculino), temos também como
referência fortíssima a influência da Lua (astro tido como feminino), então há
rituais que se utilizam também (ou somente) das fases lunares, especialmente
relacionadas à faces da Deusa para aqueles que cultuam as divindades
arquetípicas (exemplos: Lua Nova - Jovem, Lua Cheia - Mãe, Lua Minguante -
Anciã, mas existem ainda muitas outras subdivisões para além desta chamada de
“tríplice”).
Existem também
pessoas que escolhem seus temas de forma intuitiva ou aleatória, não existe
certo ou errado, mas eu, particularmente, considero prudente e mais eficaz
levar-se em consideração pelo menos a fase da Lua, haja vista que ela nos
influencia muito enquanto mulheres, até mesmo nossos ciclos reprodutivos e
humor. E são dentro desses temas que as magias e curas acontecem, que podem ser
dos mais variados possíveis, abrangendo: sexualidade, criança interior,
relacionamentos conjugais, relações familiares, maternidade e até mesmo dons e
talentos profissionais podem ser trabalhados, mas todos acabam trabalhando na
cura do Feminino em algum ponto.
No próximo texto falaremos sobre os locais onde acontecem os Rituais e quem pode ou não participar. E mais adiante sobre os motivos de os Rituais serem obrigatoriamente gratuitos, quem pode conduzir estes rituais, e por fim sobre o Sacerdócio no caminho da Deusa. Acompanhe!
Clique para ler a parte II deste artigo
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