sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Meu Retorno para a Deusa: Reflexões pessoais sobre a vida material e como a Divindade se manifesta através dela

Em um momento de birra, como criança espiritual que sou (ou era, até então) eu decidi desmontar todos os meus altares, revoltada, pois algumas coisas vinham dando errado em minha vida e eu não conseguia perceber os sinais que esta situação me trazia. Diante de tamanha ingratidão estavam minhas Deusas sendo encaixotadas entre lágrimas, eu não podia perceber a Sua sublime presença oculta manifesta em tudo ao meu redor, no ar que eu inspirava e me fazia acordada todos os dias, no meu alimento, na vida dos meus animais, em toda vida à minha volta, mesmo na cidade, essa vida que tenta entrar pelas fendas das calçadas, sufocada.

Assim estava a Divindade em mim, sufocada, tentando emergir por qualquer fenda, jorrando dos meus olhos e nariz em lágrimas, ou do ventre em sangue dolorido todo mês, tentando me dizer algo, e eu como aquelas pessoas que reclamam do matinho que nasce na calçada, como se aquilo fosse um incômodo. E no fim, aquilo que nos incomoda tem muito de nós mesmos, daquilo que tentamos negar, ocultar...

E minha Deusa emergiu assim em mim, da forma que pôde, com dores e tristezas que eu não podia compreender. E quase que inconscientemente eu fui retornando a Ela, de uma forma sutil ela me chamava a pintar, a cantar, a dançar e com sua arte ela me curava e depositava seu amor infinito sobre mim.

Muitas das coisas consideradas "materiais" que neguei numa suposta "troca" por iluminação começavam a voltar para mim, velhos desejos, sonhos, e pela primeira vez eu me permiti, estava tão cansada daquele conceito de espiritualidade pesada que a gente carrega como um fardo, como mártir, como se a intensidade da sua luz, da sua entrega, se contasse em números de renúncias.

Entrega, pela primeira vez estava mesmo me entregando, me entregando a mim, a viver o que eu quisesse, sem um prévio julgamento moral, e ali Ela começou a aparecer para mim mais uma vez, e outra, e nunca mais se foi, como na verdade nunca havia partido. Mais do que na vida, agora eu que podia percebê-la, vê-la na arte, no prazer, na alegria e na beleza, todas suas dádivas, todas manifestações dEla que tem toda a emoção, toda a sensibilidade, todo prazer, alegria e beleza.


Estátua da Deusa Afrodite, na Ilha de Chipre.

Ela nos fez assim, como Deuses, capazes de manifestá-la em tudo, até mesmo na ira, mas mais do que aos outros animais nos presenteou com infinita emoção e capacidade de comover-se com a arte e o belo.

Perdi finalmente a minha "inocência" espiritual, aquela que me fazia achar que por fazer rituais e orações tudo sairia conforme eu desejava, sem compreender os desejos mais profundos da Alma, de minha Mãe que É em mim.

Eu não compreendia que esse era o momento de simplesmente ser quem eu era e parar de pedir por algo que não estava pronto, para o qual eu não estava pronta. Era hora de deixar os rituais e manifestar a Deusa em mim mesma, na realidade material, era hora de viver suas dádivas...

E foi assim que voltei aos braços fortes, mas doces da minha Grande Mãe, apenas sendo eu, e vivendo as dádivas do Universo perfeito que Ela criou: Prazer e Arte!

A DEUSA ESTÁ EM TUDO! Heya! 

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